sexta-feira, 29 de abril de 2011

Astrônoma brasileira divulga estudo sobre primeiras estrelas do Universo


Astros giravam mais rápido e tinham mais massa que o nosso Sol.
Estudo sobre o assunto foi divulgado na revista 'Nature'.



  Um estudo na revista "Nature" desta semana feito por astrônomas brasileiras revela um possível modelo para explicar como eram as primeiras estrelas a povoarem o Universo, pouco após o Big Bang. A dupla é parte de um grupo internacional de pesquisadores.
      Com autoria principal de Cristina Chiappini, cientista radicada atualmente no Instituto Astrofísico de Potsdam, na Alemanha, o artigo mostra como estrelas com massas muito maiores que a do Sol deram origem a gases usados na formação de outras estrelas, menores e mais parecidas com o astro do Sistema Solar.
NGC 6522a (Foto: David Malin / Observatório Astronômico Australiano)O aglomerado estelar NGC 6522 contém os oito astros analisados no artigo com participação de astrônomas brasileiras sobre um possível modelo para as primeiras estrelas do Universo.
(Foto: David Malin / Observatório Astronômico Australiano)

       "Nosso modelo mostrou que estrelas de grande massa, de rotação rápida, também podem conter elementos 'pesados' como o estrôncio e o ítrio", explicou Chiappini ao G1. Isso porque esses elementos foram encontrados em oito estrelas menores, dentro do aglomerado estelar NGC 6522. Esses astros teriam sido gerados a partir dos gases liberados nas explosões das companheiras maiores, ativas no primeiro 1,7 bilhão de anos do Universo.
      O modelo sugere que as primeiras estrelas rodavam a 500 km por segundo, velocidade muito maior que os 2 km por segundo do Sol. O número também é bem maior que os 100 km por segundo das estrelas de mais massa atuais.
     A pista para saber como eram as primeiras estrelas está, curiosamente, em versões bem menores, com tamanhos comparáveis ao do nosso Sol, mas que viveram bilhões de anos e carregaram, em sua composição, traços das gigantes.
     Já era plausível entre os astrônomos que estrelas do início do Universo girassem mais rápido que as de hoje. O nosso estudo dá uma explicação muito bonita sobre como este fato está ligado à composição química das estrelas de NGC 6522"
Cristina Chiappini, astrônoma brasileira do Instituto Astrofísico de Potsdam, na Alemanha
     A rapidez pode ter sido o motivo para uma produção de elementos químicos mais variados que somente os tradicionais hidrogênio e hélio.
    "Uma estrela funciona como uma cebola, com várias cascas. Cada casca é responsável por gerar um elemento diferente. Quando ela roda rápido, as camadas se misturam e novos elementos surgem", explica Chiappini .
   "Os únicos elementos formados no Big Bang foram hidrogênio e hélio. Todo os outros materiais vieram a partir de reações dentro das estrelas."
    O trabalho contou com dados fornecidos pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) por meio do Very Large Telescope (Telescópio Muito Grande, em tradução livre). O aglomerado NGC 6522 - localizado no centro da Via Láctea, na direção da constelação de Sagitário - engloba astros de idade estimada em 12 bilhões de anos. O Big Bang, teoria mais aceita para o início do Universo, teria acontecido há 13,7 bilhões de anos.
     As primeiras estrelas surgiram mais ou menos na mesma época em que o Universo passou da fase escura, na qual a luz era absorvida, para transparente, quando o espaço e seus astros passaram a ser visíveis.

     "As estrelas que rodam rápido podem ter sido os agentes por trás da mudança do universo de escuro para transparente", afirma a cientista. "Já era plausível entre os astrônomos que estrelas do início do Universo girassem mais rápido que as de hoje. O nosso estudo dá uma explicação muito bonita sobre como este fato está ligado à composição química das estrelas velhas e pequenas de NGC 6522."

Feijão-de-corda pode ser 'arma' contra câncer de mama, mostra pesquisa

    Substância da planta mata célula cancerígena sem afetar sadias.Cientistas da UnB descrevem descoberta em publicação internacional.




   Cientistas da Universidade de Brasília (UnB) encontraram uma substância no feijão-de-corda capaz de tratar o câncer de mama. A descoberta pode ser o ponto inicial para um medicamento que reduza os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia.
Plantação na Estação Biológica da Universidade de Brasília (Foto: Divulgação)
Plantação na Estação Biológica da Universidade de Brasília (Foto: Divulgação)

    Segundo o estudo, molécula encontrada no grão – chamada BTCI – mata as células cancerígenas sem afetar as sadias. “Ela causa a fragmentação do material genético e altera outras organelas citoplasmáticas das células do câncer”, disse a pesquisadora Sônia Freitas, uma das responsáveis pela descoberta.
   A pesquisa durou quatro anos e foi divulgada na revista "Cancer Letter", publicação internacional sobre descobertas relacionadas à doença. O método utilizado foi o da observação in vitro, em que linhagens de células cancerígenas foram expostas à BTCI.
    Os testes em humanos e o desenvolvimento do novo tratamento devem acontecer nos próximos anos. “Provavelmente será um tratamento via oral ou endovenoso, já que a substância é consumida naturalmente pela população”, disse a pesquisadora.
   Segundo o Instituto Nacional do Câncer, por ano, a doença afeta 49 em cada 100 mil pessoas no Brasil. A região Centro-Oeste é a terceira com maior número de casos, em que a proporção é de 38 mil para cada 100 mil.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

História da Páscoa

                                                   As origens do termo  
       A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração remonta muitos séculos atrás. O termo “Páscoa” tem uma origem religiosa que vem do latim Pascae. Na Grécia Antiga, este termo também é encontrado como Paska. Porém sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo Pesach, cujo significado é passagem. 


 
                                      Entre as civilizações antigas  

Historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos atrás. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera era de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.
               




    A Páscoa Judaica
Entre os judeus, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, onde foram aprisionados pelos faraós durantes vários anos. Esta história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde liderados por Moises, fugiram do Egito.
Nesta data, os judeus fazem e comem o matzá (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão.  



A Páscoa entre os cristãos
Entre os primeiros cristãos, esta data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo (quando, após a morte, sua alma voltou a se unir ao seu corpo). O festejo era realizado no domingo seguinte a lua cheia posterior al equinócio da Primavera (21 de março).
Entre os cristãos, a semana anterior à Páscoa é considerada como Semana Santa. Esta semana tem início no Domingo de Ramos que marca a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém 
A História do coelhinho da Páscoa e os ovos  
A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.
Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, jóias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.
A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII.

domingo, 24 de abril de 2011

O dilema da política fundiária

Por que o modelo de reforma agrária do país fracassa


 
    Eles reapareceram nos últimos meses ocupando postos de pedágio, saqueando caminhões de comida, invadindo prédios públicos e denunciando o governo por sua lentidão em promover as desapropriações e assentamentos. Depois de um período de trégua, quando foram saindo do noticiário, os sem-terra retornaram à cena pública - e seu problema, apesar dos progressos obtidos nos últimos anos, continua do mesmo tamanho. Antes da posse de Fernando Henrique Cardoso havia 40.000 famílias acampadas esperando terra; foram assentadas mais de 600.000, e ainda existem 80.000 na fila - ou seja, a conta não fecha. Considerando o ritmo de assentamentos, seria de esperar que os sem-terra estivessem desaparecendo lentamente da paisagem, integrando-se à economia, como aconteceu em todos os países que adotaram a reforma agrária em algum momento de sua História para reorganizar a propriedade no campo. Mas sobram indícios de que o processo de assentamentos veio tarde demais no Brasil e não atende exatamente quem tem competência para se beneficiar dele.
De acordo com as pesquisas mais detalhadas sobre o tema, o sistema defendido pelo MST e geralmente adotado pelo governo - desapropriação e distruibuição da terra em pequenos assentamentos - tem pouca chance de sucesso, já que caminha na contramão da História. Sem competitividade no mercado nem estrutura para engrenar a produção, os pequenos produtores que ganham terras acabam fracassando - e retornando à fila da exclusão no país. A reforma agrária brasileira, cujo modelo atual funciona há mais de vinte anos com velocidade variável de assentamentos, tem sido usada em grande parte para mandar, ou devolver para o campo, desempregados urbanos e legiões de excluídos da atividade rural pelos processos de modernização da agricultura. Uma pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi em 1996 detectou vários sinais dessa situação. De um lado, encontrou-se entre os assentados gente com profissões anteriores, como alfaiate, professor primário, militar, encanador e bancário - sem nenhuma intimidade com a terra. De outro, constatou-se que 67% dos entrevistados tinham mais de 40 anos de idade, ultrapassando, portanto, aquele limite que costuma ser considerado um marco perverso da exclusão do emprego braçal. Por fim, 91% dos assentados pesquisados declararam ter sido, anteriormente, arrendatários, donos, meeiros ou parceiros na exploração de atividade agrícola. Ou seja, com altíssima probabilidade de terem fracassado antes na condução de empreendimentos rurais.
Há outros sinais concretos de que a reforma agrária brasileira funciona equivocadamente. "Apenas um quinto dos que recebem terra consegue gerar renda suficiente para se manter no campo", informa o pesquisador Eliseu Roberto Alves, ex-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. "Os outros abandonam a terra num período máximo de dez anos." O fenômeno do esvaziamento populacional no campo, aliás, é absolutamente natural e faz parte da História da maioria dos países desenvolvidos neste século. Nos Estados Unidos, resta apenas 1,5% da população trabalhando no campo. Na França, há 6%, mas isso custa bastante em termos de subsídios. No caso do Brasil, a massa que vai sendo derrotada pela tecnologia ganha o rótulo de excluída e acaba abastecendo iniciativas que parecem exigir que o planeta gire ao contrário.
Se há uma vantagem no modelo atual, ela é do MST, que continua vendo crescer o número de cabeças disponíveis para seguir discursos inflamados como os do líder José Rainha, comandante popular com carisma e poder de persuasão. Em contrapartida às dificuldades nos projetos de reforma agrária, existe no Brasil o sucesso do modelo de cooperativas de pequenos proprietários. Em alguns casos, as cooperativas respondem por mais de 30% da produção nacional de determinada cultura. O problema é que, para ligar uma coisa com a outra, se depende da familiaridade e da aptidão do assentado para o trabalho na terra, habilidades pouco comuns entre os integrantes das fileiras do MST.

Um velho desafio brasileiro

                    A importância da reforma agrária para o futuro do país

A má distribuição de terra no Brasil tem razões históricas, e a luta pela reforma agrária envolve aspectos econômicos, políticos e sociais. A questão fundiária atinge os interesses de um quarto da população brasileira que tira seu sustento do campo, entre grandes e pequenos agricultores, pecuaristas, trabalhadores rurais e os sem-terra. Montar uma nova estrutura fundiária que seja socialmente justa e economicamente viável é dos maiores desafios do Brasil. Na opinião de alguns estudiosos, a questão agrária está para a República assim como a escravidão estava para a Monarquia. De certa forma, o país se libertou quando tornou livre os escravos. Quando não precisar mais discutir a propriedade da terra, terá alcançado nova libertação.
Com seu privilégio territorial, o Brasil jamais deveria ter o campo conflagrado. Existem mais de 371 milhões de hectares prontos para a agricultura no país, uma área enorme, que equivale aos territórios de Argentina, França, Alemanha e Uruguai somados. Mas só uma porção relativamente pequena dessa terra tem algum tipo de plantação. Cerca da metade destina-se à criação de gado. O que sobra é o que os especialistas chamam de terra ociosa. Nela não se produz 1 litro de leite, uma saca de soja, 1 quilo de batata ou um cacho de uva. Por trás de tanta terra à toa esconde-se outro problema agrário brasileiro. Até a década passada, quase metade da terra cultivável ainda estava nas mãos de 1% dos fazendeiros, enquanto uma parcela ínfima, menos de 3%, pertencia a 3,1 milhões de produtores rurais.
"O problema agrário no país está na concentração de terra, uma das mais altas do mundo, e no latifúndio que nada produz", afirma o professor José Vicente Tavares dos Santos, pró-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em comparação com os vizinhos latino-americanos, o Brasil é um campeão em concentração de terra. Não sai da liderança nem se comparado com países onde a questão é explosiva, como Índia ou Paquistão. Juntando tanta terra na mão de poucos e vastas extensões improdutivas, o Brasil montou o cenário próprio para atear fogo ao campo. É aí que nascem os conflitos, que nos últimos vinte anos fizeram centenas de mortos.
O problema agrário brasileiro começou em 1850, quando acabou o tráfico de escravos e o Império, sob pressão dos fazendeiros, resolveu mudar o regime de propriedade. Até então, ocupava-se a terra e pedia-se ao imperador um título de posse. Dali em diante, com a ameaça de os escravos virarem proprietários rurais, deixando de se constituir num quintal de mão-de-obra quase gratuita, o regime passou a ser o da compra, e não mais de posse."Enquanto o trabalho era escravo, a terra era livre. Quando o trabalho ficou livre, a terra virou escrava", diz o professor José de Souza Martins, da Universidade de São Paulo. Na época, os Estados Unidos também discutiam a propriedade da terra. Só que fizeram exatamente o inverso. Em vez de impedir o acesso à terra, abriram o oeste do país para quem quisesse ocupá-lo - só ficavam excluídos os senhores de escravos do sul. Assim, criou-se uma potência agrícola, um mercado consumidor e uma cultura mais democrática, pois fundada numa sociedade de milhões de proprietários.
Com pequenas variações, em países da Europa, Ásia e América do Norte impera a propriedade familiar, aquela em que pais e filhos pegam na enxada de sol a sol e raramente usam assalariados. Sua produção é suficiente para o sustento da família e o que sobra, em geral, é vendido para uma grande empresa agrícola comprometida com a compra dos seus produtos. No Brasil, o que há de mais parecido com isso são os produtores de uva do Rio Grande do Sul, que vendem sua produção para as vinícolas do norte do Estado. Em Santa Catarina, os aviários são de pequenos proprietários. Têm o suficiente para sustentar a família e vendem sua produção para grandes empresas, como Perdigão e Sadia. As pequenas propriedades são tão produtivas que, no Brasil todo, boa parte dos alimentos vêm dessa gente que possui até 10 hectares de terra. Dos donos de mais de 1.000 hectares, sai uma parte relativamente pequena do que se come. Ou seja: eles produzem menos, embora tenham 100 vezes mais terra.
Ainda que os pequenos proprietários não conseguissem produzir para o mercado, mas apenas o suficiente para seu sustento, já seria uma saída pelo menos para a miséria urbana. "Até ser um Jeca Tatu é melhor do que viver na favela", diz o professor Martins. Além disso, os assentamentos podem ser uma solução para a tremenda migração que existe no país. Qualquer fluxo migratório tem, por trás, um problema agrário. Há os mais evidentes, como os gaúchos que foram para Rondônia na década de 70 ou os nordestinos que buscam emprego em São Paulo. Há os mais invisíveis, como no interior paulista, na região de Ribeirão Preto, a chamada Califórnia brasileira, onde 50.000 bóias-frias trabalham no corte de cana das usinas de álcool e açúçar durante nove meses. Nos outros três meses, voltam para a sua região de origem - a maioria vem do paupérrimo Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais.
A política de assentamento não é uma alternativa barata. O governo gasta até 30.000 reais com cada família que ganha um pedaço de terra. A criação de um emprego no comércio custa 40.000 reais. Na indústria, 80.000. Só que esses gastos são da iniciativa privada, enquanto, no campo, teriam de vir do governo. É investimento estatal puro, mesmo que o retorno, no caso, seja alto. De cada 30.000 reais investidos, estima-se que 23.000 voltem a seus cofres após alguns anos, na forma de impostos e mesmo de pagamentos de empréstimos adiantados. Para promover a reforma agrária em larga escala, é preciso dinheiro que não acaba mais. Seria errado, contudo, em nome da impossibilidade de fazer o máximo, recusar-se a fazer até o mínimo. O preço dessa recusa está aí, à vista de todos: a urbanização selvagem, a criminalidade em alta, a degradação das grandes cidades.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CIDADE DE JUSSARA BAHIA

COPERJ E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CIDADE DE JUSSARA BAHIA
Ilvanete Pires de Carvalho[1]
José Renato Brito de Almeida
Lusinete Barbosa dos Reis Cunha


A COPERJ (Cooperativa dos Empreendedores Rurais de Jussara) foi fundada no ano de 2001, visando assegurar aos cooperados a expansão de seus negócios relacionados as atividades de ovinocaprinocultura. Hoje, a COPERJ conta com a inclusão de mais 450 associados, dispostos a trabalharem em harmonia com os ditames legais da associação. Segundo o presidente da COPERJ, Vanderlan Araújo, a associação já participa a alguns meses do projeto do governo federal Fome Zero, entregando mensalmente 31 mil litros de leite na sua comunidade. Os associados entregam o leite para ser beneficiado pela associação e esta devolve aos próprios cooperados e outros moradores que têm filhos matriculados nas escolas municipais.  Esta parceria com o governo rendeu para o estado da Bahia, o prêmio nacional Josué de Castro, no valor de 11 milhões de Reais. Esta conquista é um capítulo importantíssimo na história de Jussara, que nunca desistiu de encontrar soluções de convivência com o semi-árido. A emoção das famílias que criam os animais e as que recebem o leite beneficiado é bem evidente. (Jornal da SEDES, p. 5)
Com a higienização do rebanho e o monitoramento técnico, diminuiu grandemente as percas de animais. As cabras reproduzem normalmente, aumentando numérica e qualitativamente os rebanhos. O processo de beneficiamento do capim, a silagem, é outro fator imprescindível para o bom andamento do projeto. Usando a forma redonda, os criadores tinham prejuízos com o desperdício da ração, até que Gilvan Brito, um dos cooperados, desenvolveu uma forma retangular de fazer a silagem, pondo fim no desperdício. Essa simples mudança, patenteada por Gilvan Brito, é hoje referência nacional.   
Um trabalho pioneiro na região de Irecê, que vem substituindo com eficácia a carência deixada pela redução da produção do feijão. O Cooperativismo é um sistema econômico que faz das cooperativas a base de todas as atividades de produção e distribuição de rendas, tendo como objetivo difundir os ideais em que se baseia, no intuito de atingir o pleno desenvolvimento econômico e social de seus participantes.
Além das atividades na produção de laticínios, a COPERJ conta, também, com um abatedouro, um frigorífico, um curtume de couros (inaugurados no dia 3 de março deste ano) e uma fábrica-escola de manufaturados de couro, que ainda será inaugurada. O abatedouro iniciou o abate experimental de 34 ovinos e caprinos no dia 30 de julho deste ano, sob a supervisão de consultores do SEBRAE/BA e técnicos da ADAB (Agência de Defesa Agropecuária da Bahia). A COPERJ abriga produtores de ovinocaprinocultura de sete cidades da região de Irecê: Jussara, São Gabriel, Itaguaçu da Bahia, Gentio do Ouro, Munlugu do Morro, Uibaí e Xique-Xique.
A cooperação é de suma importância entre os cooperados, pois todos precisam andar em sintonia, com os mesmos objetivos, lutando pelos mesmos ideais, tendo em mente as necessidades do grupo organizado. Estas organizações, em expansão em todo o mundo, carecem de estudos que enfoquem aspectos psicossociais indispensáveis para o seu êxito. A psicologia pouco fez para compreender as cooperativas, e a atuação dos seus membros. As cooperativas surgem para servir como um bem social, como alternativa em prol dos trabalhadores face as incertezas e crueldade do mercado.  
As cooperativas surgem, na maioria das vezes, diante da crise de empregos. Não obstante, a cooperação manifesta-se com mais clareza externamente as relações de trabalho. Cooperativa é um modelo de estrutura organizacional, da qual se originam sociedades democráticas com objetivos específicos, regida por princípios de igualdade no que se refere a propriedade, gestão e repartição de recursos. O cooperativismo rural tem sido visto como mecanismo de modernização da agricultura, estratégia de crescimento econômico ou instrumento de mudança social.
Para Schneider (1981), o cooperativismo rural no Brasil tem procurado harmonizar as dimensões econômicas, sociais e culturais do processo de desenvolvimento do país, sem depender das condições estruturais concretas as quais ele se sobrepõe.
A partir da leitura de Maria José Carneiro, compreendemos que a agricultura familiar tem sido um indicativo de mudanças na orientação do atual governo em relação a agricultura e aos próprios agricultores, principalmente agora, pois o governo pretende ampliar o conceito de desenvolvimento com a noção de sustentabilidade, incorporando outras esferas da sociedade, além da estritamente econômica, também a educação, a saúde e a proteção ambiental.  

Obs.: Trechos do artigo foram feitos com base na entrevista com o Presidente da COPERJ, o Sr. Vanderlan Araújo.





Referências:
Agência SEBRAE de Notícias da Bahia. (71) 3320-4427
Na corda e no sonho. Jornal da Sedes Estadual, pp. 6,7 - n. 5 – Janeiro/Fevereiro, 2009
Disponível:
Acessados em 18 de junho de 2010.
Francisco José Batista de Albuquerque e Carlos Eduardo Pimentel. Psic.: Teor. E Pesq. Vol. 20, n. 2 – Brasília, maio/agosto, 2004
Rosemeire Aparecida Scopinho. Psic. Soc. Vol. 19, n. spe – Porto Alegre, 2007
Pedro Jacobi. Cad. Pesqui. N. 118 – São Paulo, março, 2003
Maria José Carneiro. Estudos, Sociedade e Agricultura, 8. Abril, 1997.






[1] Estudantes do Curso de Geografia/PROESP pela Universidade do Estado da Bahia, Campus XIV – Irecê.


Usos e abusos da água em Juazeiro Bahia

A água é fundamental para a manutenção das formas de vida bem como para a formação de minerais, de rochas e de solos. O rio são Francisco, grande portador desse bem tão precioso, se expande desde sua nascente em Medeiros MG na Serra da Canastra até, o Oceano Atlântico drenando uma área de aproximadamente 641 000 km² e atingindo 2 830 km de extensão. Em todo seu percurso é usado e abusado pelo homem em várias atividades: pesca, irrigação, distribuição de água nos centros urbanos, agricultura, pecuária entre outros. Mesmo com a consciência de que o rio é uma fonte de vida imprescindível o que se nota ao longo do seu percurso é o descaso com sua existência e manutenção o que contribui para a possível extinção do mesmo, pois, apesar de ter em alguns trechos um curso alto de água, atravessa uma área de clima seco, o que faz diminuir e muito sua capacidade.
Também conhecido como Velho Chico é esse o rio que sustenta muitas vidas especialmente os moradores ribeirinhos que se valem dessas águas. Usam para o consumo doméstico, em pequenas plantações e para os animais além de tirar dele a pesca, alimento que até hoje sustenta comunidades inteiras. Mas muitos dos povoados ribeirinhos não possuem nenhum tratamento de esgoto doméstico e industriais lançando-os diretamente no rio, além de necessitarem da madeira para a produção de lenha, provocando uma grande poluição, e um enorme desmatamento que volta a prejudicar quem mais necessita dos recursos extraídos.
O uso inconseqüente dos recursos hídricos, minerais, vegetais e humanos de toda a bacia do Rio São Francisco trouxe danos, a toda a região, assoreamento, desmatamento, erosão e poluição são problemas enfrentados pela população. Esses problemas estão ligados diretamente com as atividades econômicas desenvolvidas, o uso indiscriminado dos recursos naturais é, atualmente, o maior perigo à sobrevivência do rio.
Por ser um rio de grande porte o São Francisco é utilizado para enriquecimento econômico. As jazidas minerais encontradas em alguns trechos é um forte fator econômico que ajuda no desenvolvimento dos centros urbanos o qual também faz uso das águas do rio em todas as atividades necessárias. A cidade de Juazeiro é considerada a mais industrializada do vale do São Francisco, pois a mesma conta em seu distrito industrial (DISF - Distrito Industrial do São Francisco) com diversas indústrias e outros tipos de empresas. As indústrias que se encontram em cidades próximas ao rio são as grandes responsáveis pela degradação e poluição das águas, a ação dos garimpeiros também soma sua parcela de culpa neste prejuízo.
O uso mais freqüente das águas do rio é na agricultura que concentra grandes plantações de frutas tropicais gerando muitos empregos e um grande rendimento econômico.  A região compreendida pelas cidades de Juazeiro e Petrolina tornou-se o maior centro produtor de frutas tropicais do país, tendo destaque para os cultivos de manga, uva, melancia, melão, coco, banana, dentre outros; este desempenho é responsável pela crescente exportação de frutas além da produção de vegetais a região é conhecida nacional e internacionalmente pela produção e qualidade dos vinhos, que tiveram grande crescimento com a implantação de mecanismos de irrigação, porém a agricultura irrigada prejudica com grande intensidade o curso do rio, começando com o desmatamento da mata ciliar, a qual protege o leito do rio, deixando-o a mercê das grandes enxurradas que carregam detritos para o seu leito, num processo violento de erosão; e termina por depositar agrotóxicos em suas águas prejudicando a vida aquática.
A agropecuária também se destaca como atividade relacionada diretamente com o rio São Francisco a criação de gado se espalha ao longo do rio em pequena e grande escala dando, infelizmente, sua contribuição para a devastação do Velho Chico.
O Rio São Francisco, em toda sua extensão possui 5 hidrelétricas, distribuindo energia por onde passa, contribuindo para o avanço social e econômico. A energia hidrelétrica começa com a construção de uma barragem para represar a água do rio e criar forte pressão. Essa construção da usina interfere no meio ambiente, com a produção de gases poluentes, nos climas das áreas próximas e a dinâmica do rio que passa a ser controlada pela barragem. Por fim é uma grande devastação com reflexos diretos na vegetação e vida animal, sem contar que prejudica a atividade pesqueira ameaçando a sobrevivência das espécies animais e humanas.  
O rio se doa como fonte de vida e além de todas as utilidades citadas acima, é ainda lugar do prazer, do lazer, de divertimento, muitas pessoas aproveitam o Velho Chico como ponto turístico, o que além de ser muito prazeroso é ainda um meio econômico muito lucrativo, A ilha do Rodeadouro, que está a 12 km de distância do centro de Juazeiro BA, é uma das mais freqüentadas da região, com praias de areias alvas e excelentes para banho. Com uma razoável infra-estrutura a ilha possui barracas onde os visitantes podem degustar os mais variados pratos da região. Há também espaço para camping, onde as pessoas podem passar os fins de semana usufruindo as belezas naturais do local. Mas, precisa se pensar em uma forma de turismo sustentável e adequada visando sempre o bem estar do rio, evitando o esgotamento da fonte possibilitando que futuras gerações contemplem as paisagens do Velho Chico, suas grutas, cachoeiras e as diversas atividades proporcionadas por ele.
O rio São Francisco, Velho Chico, como queiram, se agoniza com a diminuição do seu volume prejudicado por todos esses fatores da ação humana em busca de desenvolvimento social e econômico. A vida se desfaz, a beleza some aos olhos do homem e o rio morre aos poucos perdendo sua firmeza natural atingido pela violência que sofre ao longo do seu curso.
O homem em sã consciência usa e abusa dos recursos naturais buscando a grandeza, a transformação, mas sem cautela acaba por destruir a si próprio, pois depende constantemente dessa natureza tão rica. O rio São Francisco precisa ser revitalizado.
“O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
o São Francisco lá pra cima da Bahia
diz que dia menos dia vai subir bem devagar e
 
passo a passo vai cumprindo a profecia do beato
que dizia que o Sertão ia alagar o sertão vai virar mar, dá no coração
o medo que algum dia o mar também vire sertão”


Sá e Guarabira




REFERENCIAS

MOREIRA, G.; Transposição do Rio São Francisco, um crime ambiental e social.
RADICCHI, Bruna. Fonte Rota Brasil Oeste02/11/01r/.
WWW. Educacional.com.br/ reportagens/Maceió/sfrancisco.asp. 16/03/2011. 19:40.

Atividades Sócio-econômicas de Juazeiro

O porto fluvial se tornou uma importante rota de transação comercial pelos sertões, bem como de comunicação, pois circulavam negócios, informações e viajantes. Juazeiro iniciava o processo de urbanização de suas praças, demonstrava preocupação em prover a comunidade com assistência à saúde por meio da Santa Casa de Misericórdia. Também procurava viabilizar o acesso à educação formal com o funcionamento de duas escolas primárias.
O município de Juazeiro está localizado na Microrregião do Baixo Médio São Francisco. Segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e conforme a divisão político-administrativa vigente desde fins dos anos 80, a Região Baixo Médio São Francisco é identificada pelo IBGE, como Microrregião de Juazeiro, para fins de levantamento censitário. Esta região compõe-se de oito municípios: Campo Alegre de Lourdes, Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho. Juazeiro encontra-se a Leste com o Município de Curaçá, a Sul com Jaguarari e Campo Formoso, a Oeste com Sobradinho e a Norte com o Estado de Pernambuco. Está em uma altitude de 383 metros, nas coordenadas geográficas 09°41’00 de latitude sul e 40°50’00” de longitude oeste. Seu acesso a partir de Salvador é efetuado pelas rodovias pavimentadas BR-324, BR-116 e BR- 407 num percurso total de 500 km. O município de Juazeiro surgiu a partir de um próspero comércio que foi se desenvolvendo às margens do Rio São Francisco, no principal ponto de divisa entre os Estados da Bahia e Pernambuco, onde era o porto de passagem de tropeiros e comerciantes. A partir daí, Juazeiro (criado em 1833) transformou-se em um moderno pólo agro-industrial, com intensa atividade de exportação. A cidade modernizou-se com a urbanização da orla fluvial e com o novo visual dos arcos da ponte Eurico Gaspar Dutra, agora ocupados por pequenos bares e restaurantes. 
Entre os anos de 1878 e 1885 a cidade estruturava-se como um emergente centro comercial e urbano.  Urbanização é um conceito geográfico que representa o desenvolvimento das cidades. Neste processo, ocorre a construção de casas, prédios, redes de esgoto, ruas, avenidas, escolas, hospitais, rede elétrica, shoppings, etc. Este desenvolvimento urbano é acompanhado de crescimento populacional, pois muitas pessoas passam a buscar a infra-estrutura das cidades. A urbanização, quando planejada, apresenta significativos benefícios para os habitantes. Porém, quando não há planejamento urbano, os problemas sociais se multiplicam nas cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio ambiente e desenvolvimento de subhabitações. Segundo Corrêa (2002, p. 8) o espaço urbano é um reflexo tanto de ações que se realizam no presente como também daquelas que se realizaram no passado e que deixaram suas marcas impressas nas formas espaciais do presente. Para ele, “ao se constatar que o espaço urbano é simultaneamente fragmentado e articulado, e que esta divisão articulada é a expressão espacial de processos sociais, introduz-se um terceiro momento de apreensão do espaço urbano: é um reflexo da sociedade”. O espaço urbano aparece no primeiro momento de sua apreensão, como um espaço fragmentado, caracterizado pela justaposição de diferentes paisagens e uso da terra. Na grande cidade capitalista estas paisagens e usos se originam um rico mosaico urbano constituído pelo núcleo central, a zona periférica do centro, áreas industriais, subcentros terciários, áreas residenciais distintas em termo de forma e conteúdo, como favelas e os condomínios de luxo (Corrêa, 2005, p.145). As cidades são pontos de interseção e superposição entre as horizontalidades e verticalidades. Elas oferecem os meios para o consumo intermediário das empresas. O urbano é um produto do processo de produção de um determinado momento histórico, não só no que se refere à determinação econômica do processo (produção, distribuição, circulação e consumo), mas também no que se referem às determinações sociais, políticas, ideológicas, jurídicas que se articulam na totalidade da formação econômica e social. Assim, “o urbano é mais que um modo de produzir, é também um modo de consumir, pensar, sentir, enfim é um modo de vida.” Corrêa (2002, p. 9) diz que o espaço urbano é fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. Para ele a própria sociedade é dessa forma, em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada a partir das formas espaciais.  Historicamente, Juazeiro é uma referência para o centro comercial, econômico e político do Vale do Submédio São Francisco. Contudo, processos socioculturais, como a construção da Barragem de Sobradinho na década de 1970, trouxeram mudanças sociais, econômicas e políticas para a cidade que, nos anos seguintes, sem uma maior intervenção governamental e municipal, ocasionariam uma situação de estagnação econômica. As mudanças econômicas também impulsionaram e foram acompanhadas de transformações culturais e urbanísticas. Já na cidade vizinha Petrolina-Pe, observa- se que ocorreu um maior planejamento urbano. Juazeiro é uma cidade muito mais antiga que Petrolina, a vida urbana se fez de uma forma mais espontânea, a configuração do próprio centro urbano dá evidências de que o processo foi mais natural. O potencial do comércio marítimo pelo Rio São Francisco, já está no início do século XX bastante evidenciado com a atividade da Companhia de Navegação do Rio São Francisco e empresas similares que, com suas embarcações, possibilitam o tráfego intenso de gente e produtos e favorecem o desenvolvimento dessa região as margens do rio. Juazeiro, pela sua condição topográfica, passa a ser ponto de partida, da Bahia, de todas essas embarcações que sobem, e ancoradouro das que descem de Pirapora (MG) com os produtos. E dessa forma o município se faz uma cidade referência para o Médio São Francisco e foi se construindo como um centro mercantil importantíssimo na história da Bahia. Segundo Corrêa (2002) na Área Central concentram-se as principais atividades comerciais, de serviços, da gestão pública e privada, e os terminais de transportes inter-regionais e intra-urbanos. Ela se destaca na paisagem da cidade pela sua verticalização. Na cidade de Juazeiro – BA essa área central se destaca pela quantidade de fluxos recebidos, por ser uma área de influência e possuir serviços que somente são encontrados nos centros urbanos, como prefeitura, bancos, shoppings, farmácias, hospitais, etc. Nesta área, as casas comerciais são maioria, a área que não é central, denominada Periferia, é caracterizada pela presença de serviços menos elaborados, que se utilizam de menos tecnologias, e por isso, de ordem inferior, como por exemplo, padarias, armazéns, lojas de pequeno porte, mercearias, etc. Na periferia o fluxo de pessoas é bem menor que no centro, pois os serviços que são oferecidos lá não atraem tanto as pessoas quanto os disponíveis na área central da cidade. Nessas áreas periféricas, o número de casas comerciais diminui, dando espaço às casas residenciais (pericentro). Ao se distanciar do centro de Juazeiro, indo em direção à Sobradinho, nota-se a ausência de serviços, e a presença de muitas casas residenciais (subcentro). No centro de Juazeiro é notório que a infra-estrutura é bem melhor do que nas áreas periféricas da cidade. O fato de essa área receber grande fluxo de pessoas diariamente exige que sua infra-estrutura seja adequada para suportar e satisfazer seus visitantes. Já nas áreas periféricas da cidade notaram-se menos investimentos.
Vinhedo da Fazenda Special Fruit

 A Microrregião Baixo Médio São Francisco tem Juazeiro como seu principal pólo de desenvolvimento. Suas principais atividades econômicas dizem respeito à agricultura irrigada, a agropecuária, ao comércio e aos serviços. As indústrias nela instaladas, especialmente na cidade de Juazeiro, são bastante incipientes.
O Vale do São Francisco é uma das novas regiões vitivinícolas brasileiras produtoras de vinhos finos. É responsável por 95% da uva de mesa fina cultivada no país. Em virtude do clima tropical semi-árido, com grande incidência de insolação e baixa precipitação de chuvas, os vinhedos são irrigados por sistema de gotejamento. Observamos muito bem esse processo na visita realizada a Vinícola ouro Verde.

Foi a partir da implantação da barragem de Sobradinho que os maiores investimentos de porte, baseados em tecnologia moderna foram atraídos para a região de Juazeiro. Com efeito, ganham significado na sua base econômica as culturas tradicionais de cana-de-açúcar, mandioca, milho, feijão e arroz e, em especial, a pecuária bovina extensiva. A CODEVASF vem exercendo uma influência decisiva no processo de ocupação do espaço regional com a implantação de projetos de irrigação pública. Os investimentos realizados pela CODEVASF em obras de infra-estrutura hídrica na região vêm atraindo empresários do sul do país como o proprietário da Vinícola Ouro Verde para a instalação de projetos de irrigação, pois desembolsam apenas recursos nas inversões das parcelas ou lotes. É no Baixo Médio São Francisco que se localiza a região mais modernizada e diversificada de toda a Bahia na produção de frutas para exportação com base na irrigação. A especial fruit uma agroindústria localizada na zona rural de Juazeiro que produz uva e manga para o mercado europeu é um exemplo, a articulação da agricultura irrigada com atividades agroindustriais poderá ser um fator para viabilizar novos investimentos na região e produzir amplos efeitos econômicos.
As lavouras da microrregião de Juazeiro, segundo o Censo Agropecuário de 1996 do IBGE, correspondem a 16% do Valor Bruto de Produção (VBP) da agropecuária estadual, com uma atividade de elevado valor, concentrada na produção irrigada de hortifrutícolas para exportação com competitividade em escala regional, nacional e internacional. Os projetos de irrigação possibilitam ao agricultor o enfrentamento dos períodos de seca sem prejuízos a produção agrícola. O problema é que no vale do rio São Francisco, a irrigação excessiva em solos rasos, agravada pela intensa evaporação, vem causando salinização dos solos. Como conseqüência, em algumas áreas o uso do solo para a agricultura já se tornou impraticável.
A localização de Juazeiro no trecho navegável do rio São Francisco que articula as regiões produtoras do Oeste, Médio e Baixo Médio São Francisco da Bahia pode favorecer a implantação de uma infra-estrutura de transporte hidroviário que, além de possibilitar maior integração entre essas regiões, contribuiria para o desenvolvimento do turismo. Por sua vez, o lago de Sobradinho poderia ser mais bem utilizado tanto para o turismo quanto para a atividade pesqueira. Juazeiro se destaca, também, por estar na rota de mercadorias e serviços oriundos do Sudeste brasileiro e de várias regiões da Bahia para o Nordeste, e vice-versa.  Juazeiro se inclui entre as grandes concentrações urbanas do Estado da Bahia, com seus 230.538 habitantes. Destaca-se como a única cidade deste porte no Baixo Médio, reunindo sozinha quase a totalidade dos habitantes das demais cidades da região em conjunto (que é de 250.916 habitantes)
A irrigação mais intensa em Juazeiro foi posterior à construção da barragem de Sobradinho, no final de década de 70 e início da década de 80, principalmente com os projetos de colonização, pela ação do governo federal, através da SUVALE, que se transformou depois na CODEVASF. Inicialmente, a questão era levar água para a produção agrícola. O Salitre foi, naquela época, um grande celeiro nesse tipo de produção, grande parte das frutas que existia na feira de Juazeiro era quase tudo, produzido no Salitre.
No entanto, há locais aonde a implantação da irrigação vem logrando êxito bastante contundente, como é o caso do pólo Petrolina/Juazeiro, tal pólo consiste na principal experiência de sucesso na implementação de projetos de irrigação no semi-árido nordestino, apresentando elevados índices de crescimento econômico e desenvolvimento social, devido à geração de empregos e renda resultantes da implantação da agricultura irrigada na região, os municípios de Petrolina e Juazeiro conseguiram construir um capital social bastante integrado à nova realidade do pólo, sendo esta uma das possíveis razões para o relativo sucesso observado. A industrialização, por sua vez, juntamente com o desenvolvimento da agricultura irrigada, influencia indiretamente o setor de serviços, provocando efeitos positivos e negativos no nível de empregos. Gera uma alavancagem direta, que inclui o capital privado investido em atividades diretamente relacionadas à agricultura irrigada, ou seja, capital investido pelos colonos, pelas empresas e pelas agroindústrias; e alavancagem indireta, que inclui investimentos decorrentes da expansão da agricultura irrigada (no comércio, em serviços, em pequenas indústrias de equipamentos, por exemplo) ou em infra-estrutura (melhoria de estradas, aeroportos, saúde e educação). Observamos que um grande contingente populacional passa a dirigir-se para essas regiões, atraídas pelo aumento do dinamismo, em busca de emprego nos setores secundários e terciários.
A introdução dos projetos de irrigação aumentou a intensidade e a qualidade do uso do solo, o que acabou elevando a produtividade, a produção e, conseqüentemente, a renda nas unidades produtivas afetadas pela irrigação. Dessa forma, estas unidades passaram a necessitar mais trabalhadores para suprir o aumento da produção. Isto aumentou a renda, resultando em um aumento substancial do nível de emprego e esses fatos geraram efeitos multiplicadores na economia da região. Um crescimento econômico não significa necessariamente melhoria na qualidade de vida da população, porém, a constituição de um capital social inserido à nova realidade produtiva da região pode ter contribuído para que este crescimento econômico se potencializasse e se transformasse, também, em desenvolvimento social.  A Teoria do Lugar Central, desenvolvida por CHRISTÄLLER (1933), baseia-se no princípio da centralidade, sendo o espaço organizado em torno de um núcleo urbano principal, denominado lugar central. A região complementar, ou entorno, possui uma relação de co-dependência com o núcleo principal, por este ser o local que oferta bens e serviços por natureza urbanos. A base da teoria define que o ritmo de crescimento de um núcleo urbano depende do nível de demanda por serviços urbanos especializados sobre a área atendida pelos lugares centrais. Uma vez que no centro (lugar central) de Juazeiro é disponibilizado grande número de serviços dos mais variados, que é a função de um núcleo urbano: atuar como centro de serviços, assim fornecendo bens e serviços centrais, que se caracterizam por serem de ordens diferenciadas, gerando uma hierarquia de centros urbanos.
              O visível contraste entre as cidades de Juazeiro e Petrolina resulta do fato de que existiu ali e, isso no momento necessário, uma intervenção governamental decisiva, e a ação municipal em Petrolina se fez de forma mais organizada e racionalizada. Juazeiro é uma cidade muito mais antiga que Petrolina, onde a vida urbana se fez de uma forma mais espontânea, a configuração do próprio centro urbano de Juazeiro dá evidências de que o processo foi mais natural. Então se encontram ruas bastante estreitas no centro, diferentemente do que se percebe em Petrolina. E um grande diferencial de Petrolina, foi esse planejamento urbano, dentro de um projeto de cidade moderna, que no caso de Juazeiro não foi assim. A partir do que foi estudado para a realização deste trabalho percebe-se que o município de Juazeiro revelou um variado desempenho produtivo desde a década de 70, aumentando seu grau de industrialização, de oferta de infra-estrutura e de urbanização. A evolução das características estruturais do espaço urbano de Juazeiro, de certa forma contribuiu para o desempenho da cidade. Sua dinâmica urbana perpassou por diversos fatores, dentre eles a agroindústria e seus diversos serviços como bancos, hospitais e seu crescimento populacional.



REFERÊNCIAS:

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ROGERIO, Haesbaert; Região, regionalização e regionalidade: questões contemporâneas. Antares, nº 3 – jan/jun 2010.
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